sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

DAVID MACHADO na Semana da Leitura


David Machado à conversa com os nossos alunos



O jovem escritor, David Machado, recentemente premiado pela Sociedade Portuguesa de Autores, estará no dia 1 de Março, na Semana da Leitura do Agrupamento.

O que disse David Machado da visita à Sertã …

Foram duas semanas intensas. As visitas às escolas e bibliotecas não podiam ter corrido melhor. No total, calculo uma assistência de cerca de 800 alunos, em 12 sessões, da Sertã a Faro, de Castelo Branco a Lisboa. A participação dos alunos foi sempre entusiasmante. Colocaram-me questões recorrentes, mas também outras novas e inesperadas, como por exemplo: "Quanto é que pesas?" ou "Que pergunta é que nunca te fizeram e gostavas que fizessem?" Assinei e dediquei mais de 250 livros. O Tubarão na Banheira esgotou em todo o lado. Tanto nas escolas como nas bibliotecas a organização dos eventos foi sempre de nível muito elevado, e só não subiu ainda mais porque o mau tempo da semana passada não o permitiu.
In http://otubaraonabanheira.blogspot.com/

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Rosa Lobato Faria


A escritora, letrista e actriz Rosa Lobato Faria, morreu no dia 2 deste mês, aos 77 anos, depois de uma semana de internamento num hospital privado.
Foi colaboradora (dizendo poesias) de David Mourão-Ferreira em programas
literários da televisão. Autora, entre outros, dos romances Flor do Sal, A
Trança de Inês, Romance de Cordélia, O Prenúncio das Águas, ou mais
recentemente A Estrela de Gonçalo Enes (ed. Quasi). Publicamos aqui
a 'autobiografia' que escreveu para o JL há dois anos

Autobiografia


Quando eu era pequena havia um mistério chamado Infância. Nunca tínhamos
ouvido falar de coisas aberrantes como educação sexual, política e pedofilia.
Vivíamos num mundo mágico de princesas imaginárias, príncipes encantados e
animais que falavam. A pior pessoa que conhecíamos era a Bruxa da Branca de
Neve. Fazíamos hospitais para as formigas onde as camas eram folhinhas de
oliveira e não comíamos à mesa com os adultos. Isto poupava-nos a conversas
enfadonhas e incompreensíveis, a milhas do nosso mundo tão outro, e deixava-
nos livres para projectos essenciais, como ir ver oscilar os agriões nos
regatos e fazer colares e brincos de cerejas. Baptizávamos as árvores,
passeávamos de burro, fabricávamos grinaldas de flores do campo. Fazíamos
quadras ao desafio, inventávamos palavras e entoávamos melodias nunca
aprendidas.

Na Infância as escolas ainda não tinham fechado. Ensinavam-nos coisas
inúteis como as regras da sintaxe e da ortografia, coisas traumáticas como
sujeitos, predicados e complementos directos, coisas imbecis como verbos e
tabuadas. Tinham a infeliz ideia de nos ensinar a pensar e a surpreendente
mania de acreditar que isso era bom.
Não batíamos na professora, levávamos-lhe flores.

E depois ainda havia infância para perceber o aroma do suco das maçãs
trincadas com dentes novos, um rasto de hortelã nos aventais, a angustia de
esperar o nascer do sol sem ter a certeza de que viria (não fosse a ousadia
dos pássaros só visíveis na luz indecisa da aurora), a beleza das cantigas
límpidas das camponesas, o fulgor das papoilas. E havia a praia, o mar, as
bolas de Berlim. (As bolas de Berlim são uma espécie de ex-libris da Infância
e nunca mais na vida houve fosse o que fosse que nos soubesse tão bem).

Aos quatro anos aprendi a ler; aos seis fazia versos, aos nove ensinaram-
me inglês e pude alargar o âmbito das minhas leituras infantis. Aos treze fui,
interna, para o Colégio. Ali havia muitas raparigas que cheiravam a pão,
escreviam cartas às escondidas, e sonhavam com os filmes que viam nas férias.
Tínhamos a certeza de que o Tyrone Power havia de vir buscar-nos, com os seus
olhos morenos, depois de nos ter visto fazer uma entrada espampanante no salão
de baile onde o Fred Astaire já nos teria escolhido para seu par ideal.

Chamava-se a isto Adolescência, as formas cresciam-nos como as
necessidades do espírito, música, leitura, poesia, para mim sobretudo
literatura, história universal, história de arte, descobrimentos e o Camões a
contar aquilo tudo, e as professoras a dizerem, aplica-te, menina, que vais
ser escritora.

Eram aulas gloriosas, em que a espuma do mar entrava pela janela, a
música da poesia medieval ressoava nas paredes cheias de sol, ay eu coitada,
como vivo em gran cuidado, e ay flores, se sabedes novas, vai-las lavar alva,
e o rio corria entre as carteiras e nele molhávamos os pés e as almas.

Além de tudo isto, que sorte, ainda havia tremas e acentos graves.
Mas também tínhamos a célebre aula de Economia Doméstica de onde saíamos
com a sensação de que a mulher era uma merdinha frágil, sem vontade própria,
sempre a obedecer ao marido, fraca de espírito que não de corpo, pois, tendo
passado o dia inteiro a esfregar o chão com palha de aço, a espalhar cera, a
puxar-lhe o lustro, mal ouvia a chave na porta havia de apresentar-se ao macho
milagrosamente fresca, vestida de Doris Day, a mesa posta, o jantarinho
rescendente, e nem uma unha partida, nem um cabelo desalinhado, lá-lá-lá,
chegaste, meu amor, que felicidade! (A professora era uma solteirona, mais
sonhadora do que nós, que sabia todas as receitas do mundo para tirar todas as
nódoas do mundo e os melhores truques para arear os tachos de cobre que
ninguém tinha na vida real).

Mas o que sabíamos nós da vida real? Aos 17 anos entrei para a Faculdade
sem fazer a mínima ideia do que isso fosse. Aos 19 casei-me, ainda
completamente em branco (e não me refiro só à cor do vestido). Só seis anos,
três filhos e centenas de livros mais tarde é que resolvi arrumar os meus
valores como quem arruma um guarda-vestidos. Isto não, isto não se usa, isto
não gosto, isto sim, isto seguramente, isto talvez. Os preconceitos foram os
primeiros a desandar, assim como todos os itens que à pergunta porquê só me
tinham respondido porque sim, ou, pior, porque sempre foi assim. E eu, tumba,
lixo, se sempre foi assim é altura de deixar de ser e começar a abrir caminho
às gerações futuras (ainda não sabia que entre os meus 12 netos se contariam
nove mulheres). Ouvi ontem uma jovem a dizer, a revolução que nós fizemos nos
últimos anos. Não meu amor: a revolução que NÓS fizemos nos últimos 50 anos.
Mas não interessa quem fez o quê. É preciso é que tenha sido feito. E que seja
feito. E eu fiz tudo, quando ainda não era suposto. Quando descobri que ser
livre era acreditar em mim própria, nos meus poucos, mas bons, valores
pessoais.

Depois foram as circunstâncias da vida. A alegria de mais um filho,
erros, acertos, disparates, generosidades, ingenuidades, tudo muito bom para
aprender alguma coisa. Tudo muito bom. Aprender é a palavra chave e dou por
mal empregue o dia em que não aprendo nada. Ainda espero ter tempo de aprender
muita coisa, agora que decidi que a Bíblia é uma metáfora da vida humana e
posso glosar essa descoberta até, praticamente, ao infinito.

Pois é. Eu achava, pobre de mim, que era poetisa. Ainda não sabia que
estava só a tirar apontamentos para o que havia de fazer mais tarde. A ganhar
intimidade, cumplicidade com as palavras. Também escrevia crónicas e contos e
recados à mulher-a-dias. E de repente, aos 63 anos, renasci. Cresceu-me uma
alma de romancista e vá de escrever dez romances em 12 anos, mais um livro de
contos (Os Linhos da Avó) e sete ou oito livros infantis. (Esta não é a minha
área, mas não sei porquê, pedem-me livros infantis. Ainda não escrevi nenhum
que me procurasse como acontece com os romances para adultos, que vêm de noite
ou quando vou no comboio e se me insinuam nos interstícios do cérebro, e me
atiram para outra dimensão e me fazem sorrir por dentro o tempo todo e me
tornam mais disponível, mais alegre, mais nova).

Isto da idade também tem a sua graça. Por fora, realmente, nota-se
muito. Mas eu pouco olho para o espelho e esqueço-me dessa história da imagem.
Quando estou em processo criativo sinto-me bonita. É como se tivesse luzinhas
na cabeça. Há 45 anos, com aquela soberba muito feminina, costumava dizer que
o meu espelho eram os olhos dos homens. Agora são os olhos dos meus leitores,
sem distinção de sexo, raça, idade ou religião. É um progresso enorme.

Se isto fosse uma autobiografia teria que dizer que, perto dos 30,
comecei a dizer poesia na televisão e pelos 40 e tais pus-me a fazer umas
maluqueiras em novelas, séries, etc. Também escrevi algumas destas coisas e
daqui senti-me tentada a escrever para o palco, que é uma das coisas mais
consoladoras que existem (outra pessoa diria gratificantes, mas eu, não sei
porquê, embirro com essa palavra). Não há nada mais bonito do que ver as
nossas palavras ganharem vida, e sangue, e alma, pela voz e pelo corpo e pela
inteligência dos actores. Adoro actores. Mas não me atrevo a fazer teatro
porque não aprendi.

Que mais? Ah, as cantigas. Já escrevi mais de mil e 500 e é uma das
coisas mais divertidas que me aconteceu. Ouvir a música e perceber o que é que
lá vem escrito, porque a melodia, como o vento, tem uma alma e é preciso
descobrir o que ela esconde. Depois é uma lotaria. Ou me cantam
maravilhosamente bem ou tristemente mal. Mas há que arriscar e, no fundo, é só
uma cantiga. Irrelevante.

Se isto fosse uma autobiografia teria muitas outras coisas para contar.
Mas não conto. Primeiro, porque não quero. Segundo, porque só me dão este
espaço que, para 75 anos de vida, convenhamos, não é excessivo.
Encontramo-nos no meu próximo romance.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Dia de S. Valentim


Propostas de trabalho para os alunos





Trabalhos dos alunos










Love is in the air






As cartas de amor serão ridículas?

Vê o que diz Fernando Pessoa sobre o assunto...


Cartas de Amor

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Fonte: AGULHA, Revista. Jornal de Poesia. Acedido em: 14, Fevereiro, 2007. Álvaro de Campos: http://www.revista.agulha.nom.br/facam83.html

Net Segura

Comemora-se, no próximo dia 11 de Fevereiro, o Dia da Net Segura! Adopta uma atitude responsável quando acedes à Internet. Segue as instruções dos professores. Para mais informações, cicla em: http://www.seguranet.pt/index.php?section=6 Navega de forma esclarecida!

Concurso Nacional de Leitura - Fase Distrital



Alunos durante a prova







A fase distrital do Concurso Nacional de Leitura realizar-se-á no dia 19 de Abril, na Biblioteca Municipal José Cardoso Pires, em Vila de Rei, pelas 14 horas e trinta minutos.
Os textos a concurso para o 3º ciclo são os seguintes:
Fernão Capelo Gaivota de Richard Back
e Singularidades de uma Rapariga Loura, in Contos de Eça de Queirós.







CONTAMOS CONTIGO!

Boas leituras!