terça-feira, 18 de outubro de 2011

Dia Mundial para a erradicação da pobreza

“talvez o sofrimento seja lançado às multidões em punhados e talvez o grosso caia em cima de uns e pouco ou nada em cima de outros."
José Luís Peixoto, És capaz de ter razão


         Na Europa, cerca de 43 milhões de pessoas estão em risco de carência alimentar, não têm meios para pagar uma refeição completa e 79 milhões vivem abaixo do limiar de pobreza.

No mundo estes dados assumem maior dimensão.

Anualmente morrem 18 milhões de pessoas devido a causas relacionadas com a pobreza!

11 milhões de crianças morrem à fome antes de completarem 5 anos.
Podemos mudar o mundo? Sim, podemos fazer a nossa parte!

José Mauro de Vasconcelos retrata a pobreza na obra O meu Pé de Laranja Lima da qual transcrevemos um excerto:
            Na cozinha, Dindinha tinha vindo para fazer rabanada molhada no vinho. Era a ceia de Natal. Era tudo.
Eu comentei com Totoca:
- E olhe lá. Tem gente que nem tem isso. Tio Edmundo foi quem deu o dinheiro para o vinho e para comprar as frutas da salada do almoço de amanhã.
            Pelo menos Luís ia ganhar uma coisa. Uma coisa velha, usada, mas muito linda e que eu gostava muito. 
- Totoca.
- Fale.
- Será que a gente não vai ganhar nada, nada, de Papai Noel?
- Acho que não.
(…)
            Foi uma ceia tão triste que nem dava vontade de pensar. Todo mundo comeu em silêncio e Papai só provou um pouco de rabanada. Não quisera fazer a barba nem nada. (…) E o pior é que ninguém falava nada com ninguém. Parecia mais o velório do menino Jesus do que o nascimento.
           Papai pegou o chapéu e saiu. Saiu mesmo de tamancos, sem dar até logo nem desejar felicidades. Acho que foi por isso que não deu boas-festas. Dindinha tirou o lencinho e limpou os olhos e pediu para ir embora com Tio Edmundo. Tio Edmundo botou uma pratinha de quinhentos réis na minha mão e outra na mão de Totoca. Talvez ele quisesse dar mais e não tinha. Foi por isso que eu o abracei. Talvez o único abraço da noite de festas. Ninguém se abraçou ou quis dizer nada de bom. Mamãe foi para o quarto. Garanto que ela estava chorando escondido. E todos estavam com vontade de fazer o mesmo. 

“Ainda há gente que não sabe, quando se levanta, de onde virá a próxima refeição e há crianças com fome que choram.”
                                                                                           Nelson Mandela


Os textos transcritos foram divulgados em todas as turmas da Escola.
Esta atividade foi assinalada em parceria com o grupo de Geografia que produziu um ppt, divulgado na BE e no bar de alunos, com o objetivo de consciencializar os alunos para os problemas da fome no mundo e para distribuição desigual dos mesmos.


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